Créditos os dizeres:
Claudio de Lima
Barbosa é administrador de empresas graduado pela UFAM (CRA-1-3100) e
especializado em Engenharia de Produção Enxuta pela PUC-PR. Trabalha com
a implementação
do Lean Manufacturing. Conferencista e consultor empresarial.
adm_clb@hotmail.com.
A aplicação dos 5G’s como mapa mental para solucionar problemas
Certa vez realizei um trabalho para melhorar um indicador de qualidade.
Para a mapear o processo e usar outra técnicas de identificação das
possíveis
causas geradoras do fenômeno, montei um pequeno time multifuncional. Em
dado momento do trabalho um integrante do time indagou: "Você está
mapeando tudo isso só para entender o processo, correto?” Eu disse que a
intenção era tanto entender, analisar e identificar
as causas dos problemas para propor soluções. Imediatamente ele
retrucou: “Não há necessidade disso, pois eu já sei onde está o
problema!”. Então repliquei questionando "Por que o problema ainda
persiste por semanas?"
Esse comportamento é mais comum do que se imagina. As respostas padrões
para problemas que têm efeito por um tempo, mas sempre voltam porque
não foram
tratados na raiz; porque as placas de direção dizem uma coisa mas querem
dizer outra.
Conhecendo os 5G’s
Em seu livro “O discurso do
método”, o filósofo francês René Descarte (1596-1650) estimula a
investigação por meio dum método universal inspirado num cânone
matemático rígido sustentado por quatro regras básicas: 1) evidência
- "nenhuma coisa como verdadeira se não a reconheço evidentemente como
tal"; 2) Análise - "dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas
quantas forem possíveis"; 3) Síntese - "concluir por ordem meus
pensamentos, começando pelos objetos mais simples
e mais fáceis de conhecer para, aos poucos, ascender, como que por meio
de degraus, aos mais complexos"; 4) não admitir "nenhuma coisa como
verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal”.
O método japonês 5G’s se coaduna
muito bem com o método Cartesiano e corresponde a um excelente auxílio
para conduzir ao pensamento solucionador de problemas evitando os
caminhos equivocados consolidados por paradigmas
ineficazes ou mesmo pela falta da competência em solucionar problemas na
raiz. Vale ressaltar que os 5G’s não suplantam as ferramentas de
solução de problemas já bastante conhecidas como Diagrama Ishikawa,
Histograma, Pareto, Carta de Controle, Brainstorming,
Fluxograma etc. Ao contrário, podem até trabalhar associados de forma a
obter um arsenal poderoso de solução de problemas bem estruturado.
Os 5G’s resumem cinco palavras japonesas a saber:
Genbutsu - significa “coisa real
ou verdadeira". Esse conceito diz que não se deve iniciar a análise de
um problema sem ter pelo menos uma peça ou uma amostra real em mãos.
Genba - quer dizer “local real
onde o problema aconteceu”. Visitar o ambiente do trabalho permite
avaliar as condições básicas, entender se as ferramentas e equipamentos
estão funcionando dentro do esperado, se há fatores
ergonômicos que favorecem a fadiga rápida. Ir ao genba possibilita
conversar com os funcionários e descobrir detalhes que só se pode saber
no verdadeiro local.
Genjitsu - Significa “ir ver” -
Procurar ver e enxergar a realidade usando os cinco sentidos, entrar nos
detalhes sujos, verificar os fatos e os dados por si mesmo afastando o
“achismo” ou a percepção formada apenas pelo
o que os outros dizem sobre o problema.
Antes de falar dos dois últimos
G’s é importante salientar três conceitos que partem de uma visão ampla
para uma visão micro: a) Processo - um fluxo interligado de materiais,
serviços e/ou informações visando um produto
final. Pode ser expresso pelo diagrama SIPOC: Supplier (Fornecedor),
Input (Entrada), Process (Processo), Output (Saída) e Customer
(Cliente). Dentro do Processo, encontramos a b) Operação - uma sequência
organizada de tarefas feitas tanto por pessoas quanto
por equipamentos visando transformar matéria-prima e/ou informações em
um produto ou serviço final. c) Tarefa - corresponde a uma série de
atividades executadas por uma única pessoa e que gerará um certo
resultado no interior de uma operação. Com esses conceitos
em mente, fica melhor explanar os dois últimos G's
Genri - “Refira-se a teoria”-
Nesse momento é importantíssimo consultar toda a documentação que tem
interface com o problema: Padrões de Processo (SIPOC), entendimento
claro dos requisitos do cliente antes mesmo de definir
os Padrões de Operação e das tarefas críticas. Será que a espessura ou
dimensional da peça está realmente conforme o cliente deseja?, A
operação das máquinas e equipamentos estão de acordo com seus manuais?
Regras fiscais e burocráticas (quando aplicáveis aos
processos administrativos) estão sendo obedecidas?
Gensoku - “Refira-se ao Padrões
Operacionais”. Nessa fase se verifica se as tarefas críticas estão sendo
executadas conforme o que foi padronizado, há uma checagem da
sequência, dos parâmetros de temperatura, pressão,
angulação etc. Em outras palavras, faz-se o famoso DTO - Diagnóstico do
Trabalho Operacional que consiste em pegar o Padrão de Operação em suas
mãos e acompanhar a execução real da tarefa pelo funcionário. Assim,
será possível identificar as incongruências
entre o que está escrito e o que é feito na realidade.
Em última análise os 5G’s são a
busca pela verdade, como se fossem a investigação de um crime. Os 5G's
são utilizados, portanto, para solucionar problemas específicos partindo
de uma hierarquia do mais simples para o mais
complexo e para isso utiliza-se da observação do fenômeno e do uso dos
sentidos a ser feito no lugar onde o problema ocorre e sem a arrogância
de achar que já se conhece bem o problema sem mesmo ter levantado da
cadeira.
Ósculos e amplexos a todos.
visite também no site: www.mclb.info
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